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Os bastidores de uma obra-prima

Por Affonso Nunes

Entraram no ar, via YouTube, os primeiros vídeos dos 12 inéditos do CD “Sambolero” (2008), uma das obras-primas do João Donato. Com um repertório que traz parcerias do pianista e arranjador com Carmem Costa, Paulo Sergio Valle, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros, “Sambolero” recebeu em 2010 o Grammy na categoria de melhor álbum de jazz latino. As imagens foram captadas durante a gravação do CD no estúdio com um time de craques que reuniu o lendário baterista Robertinho Silva, o contrabaixo elegante de Luiz Alves e o mago da percussão Sidinho Moreira e participação especial do saxofonista e flautista Ricardo Pontes, todos instrumentistas com vasta folha de serviços prestados à música.

O repertório é composto de músicas que Donato diz que gosta de tocar. “Alguns temas presentes no álbum são apresentados sem as letras que viriam a ganhar depois, mas voltam no disco já com os nomes de batismo dos letristas”, conta Donato ao CORREIO DA MANHÃ. “Esse disco apresenta uma tranquilidade e acho que por isso ele ganhou o Grammy de jazz latino em meio à agitação dos outros discos latinos. É uma tranquilidade que vem do amadurecimento do nosso trio. Tocarmos juntos há trinta, quarenta anos. Essa tranquilidade fica muito clara na hora de gravar e é percebida por quem está ouvindo”, disse Donato, em áudio do WhatsApp. Aos 82 anos, o artista está cumprindo as recomendações de isolamento social em sua casa, na Urca.

Com a direção, fotografia e edição de Andre Schultz e Denise Schultz, a gravação tem um estilo quase documentário, no qual a câmera captura imagens únicas do exato instante da gravação de cada uma das faixas de “Sambolero”, nos transportando a um raro momento na intimidade dos músicos no estúdio de gravação. Já estão no ar faixas “Amazonas”,parceria com o irmão Lysias Ênio; “Supresa”, com Caetano Veloso; e “Bananeira”, com Gilberto Gil. Os outros vídeos serão lançados ao longo dos próximos dias, avisa Andre Schultz.

“Sempre ouvi o termo ‘músico de estúdio’. Sempre achei fascinante esse universo da gravação de um disco. Em um show com o calor do público as performances são emocionantes mas é difícil serem tecnicamente perfeitas”, conta Schultz, cuja intenção era documentar aquele momento mágico no estúdio quando tudo dá certo. “Quando a emoção e a técnica estão combinadas. E o que aconteceu nessa gravação foram aqueles momentos raros que o público não tem a oportunidade de ver, só de ouvir… Aqui vocês vão ter a oportunidade de assistir o nascimento do disco vencedor do Grammy no estúdio de gravação”, completa o cineasta.

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