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Muito além dos gibis

Por Pedro Sobreiro

Nascido em 27 de outubro de 1935, Mauricio Araújo de Sousa é o principal nome das histórias em quadrinhos nacionais. Natural do município de Santa Isabel, em São Paulo, Mauricio tinha o sonho de viver de sua arte: o desenho.

Filho de Antônio Mauricio de Sousa e Petronilha Araújo de Sousa, Mauricio foi concebido em um lar de pura arte. Fascinados pela literatura, seus pais eram representantes dos mais diversos setores artísticos e culturais brasileiros. Sua mãe era poetisa e seu pai trabalhou como poeta, pintor, compositor e até mesmo barbeiro. Nesse ambiente de valorização cultural, o jovem conviveu com artistas, músicos, escritores e muitos, muitos livros.

Apesar de ter nascido em Santa Isabel, foi em Mogi das Cruzes que Mauricio cresceu e desenvolveu sua paixão pelo desenho. Foi de lá também que vieram muitas das inspirações para os personagens da Turma da Mônica. Muito tímido, o pequeno Mauricio de Sousa frustrou o sonho da mãe, que via o fi lho como um talentoso cantor mirim. Com a carreira musical deixada de lado, o rapaz começou a desenhar ilustrar cartazes e anúncios para os jornais e rádios da região. A família não se opôs ao sonho do menino de ser desenhista, mas sempre o incentivou a ser organizado e buscar empreender.

Um pé no jornalismo

A carreira profi ssional de Mauricio está diretamente ligada ao jornalismo. Ela começa em 1954 quando ele vai para São Paulo buscar oportunidades como desenhista, mas acaba conseguindo um emprego como repórter na editoria policial da Folha da Manhã, apesar de ter horror a fotos cheias de sangue. Com essa característica em especial, o jovem Mauricio de Sousa conversava com o fotógrafo e pedia para ele descrever as cenas do crime e as informações que ele havia conseguido. Dessas conversas, Mauricio fazia ilustrações para suas matérias, que era aclamadas pelos leitores.

Após cinco anos na editoria policial, Mauricio enfi m teve a oportunidade de atuar como desenhista. O jornal aprovou as tirinhas do cachorrinho Bidu e seu dono, o Franjinha. Em 18 de julho de 1959, nascia o primeiro embrião da Turma da Mônica.

O filho pródigo

Apesar de ter deslanchado para o sucesso com Bidu e Franjinha, o primeiro personagem criado por Mauricio de Sousa foi o Capitão Picolé. Com o formato semelhante ao do horário e envolto por uma capa branca, o personagem foi concebido em 1947, quando Mauricio tinha apenas 12 anos. Na época, ele fazia as revistinhas do personagem e vendia para seus coleguinhas na escola. Em 2007, o Capitão Picolé aparece como vilão principal de Lostinho: Perdidinhos nos Quadrinhos, um gibi parodiando o seriado americano ‘Lost’. A motivação do Capitão? Se vingar da Turma da Mônica por ter sido esquecido após a criação deles.

Folhinha de S.Paulo

Em parceria com a jornalista Lenita Miranda Figueiredo, Mauricio surgiu com o projeto voltado ao público infantil na Folha de São Paulo. A produção começa em setembro de 1963, com 16 páginas de conteúdo destinadas a contribuir com matérias, informações para trabalhos escolares, além de estimular a leitura por meio do divertimento proporcionado pelos personagens de Mauricio de Sousa Produções, que ainda era chamada de Bidulândia Serviços de Imprensa. Principalmente o Horácio, o Papa- -Capim, o Cebolinha e o Raposão.

Muitas conquistas

Ao longo de sua carreira, Mauricio viu suas criações ganharem o mundo. A Turma da Mônica já virou desenho animado, videogame, brinquedo e até mesmo fi lme. Sua contribuição para a literatura nacional o levou a ser empossado pela Academia Paulista de Letras. E o trabalho de inclusão da cultura nipônica no Brasil fez com que o Imperador do Japão concedesse a ‘Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Roseta’, honraria criada em 1875 para premiar quem divulga a cultura do Japão no mundo. Mas para ele o maior prêmio é ter ajudado milhões de crianças a tomarem gosto pela leitura.

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