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Caos político no Peru

Por Gustavo Barreto

A crise desencadeada pela decisão do presidente do Peru, Martin Vizcarra, de dissolver o congresso controlado majoritariamente pela oposição fujimorista, ganhou novos contornos na quinta feira. Em sessão relâmpago, a vice-presidente, Mercedes Aráoz, foi empossada na presidência provisória ao passo que Vizcarra foi destituído.

Porém, Aráoz se recusou a aceitar o comando interino do país, visto que, segundo ela, “não há condições minímas de ocupar o cargo”. Em sequência, ela também anunciou a renúncia do cargo de vice-presidente, o que foi visto como um ato de cautela perante a situação.

Para a agora ex vice-presidente, a situação exige a convocação de eleições gerais para que o povo possa decidir o novo mandatário. Pesquisas de opinião feitas este ano, indicam que a popularidade do presidente viu um aumento considerável, ao passo que a aprovação do congresso caiu para o público.

Dados do Instituto de Pesquisas Peruano publicados em setembro indicam que impopularidade do congresso atingiu a marca de 87% . Essa porcentagem se traduziu, principalmente, pela pronta resposta da população em defender a decisão do presidente Martin Vizcarra.

Soma-se ainda recente declaração do presidente de que sua decisão não é um golpe de estado mas que possui embasamento constitucional para ocorrer e que ele convocará novas eleições a partir do início do ano que vem.

O dia em que o país parou

Em 5 de abril de 1992, o então presidente do Peru, Alberto Fujimori, dissolveu o congresso, fechou todo o poder judiciário e concentrou na ala executiva controle absoluto.

Por meio da coerção militar, seu governo durou de 1990 até 2000 no qual ele modificou profundamente a constituição de 1979.

Antes disso, Alberto Fujimori já havia sido responsável por ações de aparelhamento de órgãos do judiciário por meio de chantagem.

Seu antigo chefe de inteligência, Vladimiro Montesinos, fora responsável, a mando do presidente, de recolher materiais comprometedores de importantes nomes das instâncias públicas e privadas.

Considerado por muitos como um golpe auto-imposto, a decisão de Fujimori foi muito mais uma conclusão final para um relacionamento a muito desgastado do que qualquer outra coisa.

O então presidente constantemente demonstrava desânimo para se reunir com líderes do congresso e da suprema corte, visto que sua capacidade de articulação era bastante limitada devido a suas origens fora da política nacional.

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