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Após contagem de votos ser paralisada na Bolívia, opositor acusa Evo de fraude

Por Sylvia Colombo La Paz, Bolívia (Folhapress)

Doze horas depois de interrompida a contagem dos votos na Bolívia, a situação era de impasse no país. A apuração foi interrompida quando havia atingido 83,7% dos votos. O atual presidente, Evo Morales estava adiante, com 45,28%, contra 38,16% de Carlos Mesa.

O corte nas transmissões e nos trabalhos do tribunal deu-se logo depois de que Morales disse a seus apoiadores, no Palácio Quemado, que tinha certeza de que ia ganhar. "As pessoas do interior votaram em nós. Esperaremos até a contagem do último voto." 

Em entrevista a jornalistas, num hotel de La Paz, o opositor Carlos Mesa acusou Morales, de estar construindo uma "fraude". E Contrariou, também, o argumento da autoridade eleitoral, de que estariam faltando "votos do interior rural", sem esclarecer de onde eles seriam.

"Segundo nossos observadores e segundo os da OEA, os votos estão todos aqui, a contagem está sendo seletiva, eles não querem divulgar porque sabem que a vontade do povo expressada nas urnas é de que haja segundo turno. E vão fazer o possível para mudar isso", disse. 

Mesa também convocou a militância para realizar protestos pacíficos pelo país. Na entrevista à imprensa, havia muitos apoiadores, com cornetas e bandeiras do candidato, que gritavam: "Evo, perdiste, que parte no entendiste?" (Evo, você perdeu, que parte não entendeu?).

Em entrevista à Folha, o ex-presidente opositor Jorge Quiroga, que apoia Mesa, disse que "o conto do voto rural é um mito, esses votos não chegam a cavalo, não na época do WhatsApp.

E acrescentou: "O que está ocorrendo é a fraude dentro de duas outras fraudes. Primeiro, o referendo que ele mesmo convocou e ignorou o resultado. Depois, a postulação à Presidência que vai contra a Constituição que ele mesmo mandou redigir. Agora, vai ganhar tempo, esperar que saiam do país os observadores internacionais, a OEA (Organização dos Estados Americanos), os jornalistas estrangeiros, para daqui a uns dias anunciar que venceu em primeiro turno", diz Jorge Quiroga. "Com esse conto de que há um voto que vem à cavalo, eles terão tempo para fabricar essa vitória em primeiro turno", diz Quiroga.

O ex-mandatário também elogiou a ação do presidente colombiano, Iván Duque, que acionou um pedido de consulta sobre a legitimidade da eleição junto à Corte Internacional de Direitos Humanos. E criticou o silêncio, até aqui, do brasileiro Jair Bolsonaro. "Sua solidariedade com Evo Morales deve ser uma solidariedade entre pirômanos da Amazônia", ironizou.

No final da manhã, havia manifestantes concentrados em alguns pontos do centro, gritavam "Mesa, presidente" a partir de megafones, e balançavam bandeiras laranja, cor da campanha do candidato.

Para ganhar a eleição na Bolívia, é preciso obter 50% dos votos mais um, ou 40%, desde que o segundo colocado tenha 10 pontos percentuais a menos que o primeiro. Se houver de fato segundo turno na Bolívia, ele deve ser realizado em 15 de dezembro

 

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