América Latina corre no fio da navalha

Por Gustavo Barreto

A região da América Latina vem passando por sucessíveis provações no passar dos últimos anos. Ao passo que o governo neoliberal de Macri, na Argentina, mostra sinais de desgaste frente a uma inflação descontrolada. Na Venezuela, o governo chavista de Nicolás Maduro, ao mesmo tempo que lança mão de táticas ditatoriais clássicas, ainda é suspeito do vazamento de óleo no nordeste do Brasil.

No Chile, os protestos ocorridos contra o aumento da passagem de metrô, anunciados pelo presidente Sebastian Piñera, de 830 pesos, já causaram a morte de 18 pessoas, incluindo um menino de 4 anos. Além disso, 2.410 pessoas foram detidas - incluindo 200 menores de 18 anos - de acordo com os dados do Instituto Nacional de Direitos Humanos.

A situação se intensificou quando estações de metrô e pontos de ônibus foram incendiados, bem como supermercados saqueados. Em resposta, o presidente Piñera tanto suspendeu o aumento da tarifa quanto declarou estado de emergência e acionou a guarda nacional.

O atual momento, portanto, evoca um passado histórico recente da região. A ditadura de Maduro e a repressão violenta das forças chilenas trazem os fantasmas dos regimes ditatoriais militares da Guerra Fria. A crise econômica na Argentina e Venezuela, principalmente, resgatam a instabilidade econômica que marcou a América do Sul nos anos 70 e 80. As suspeitas de fraude nas eleições bolivianas lembram as eleições ocorridas em regimes militares.

Em uma pesquisa realizada pela Aliança das Democracias sobre a percepção democrática em 2018, 50% dos brasileiros achavam que o governo não agia de acordo coms seus interesses. No resto da América do Sul, essa porcentagem chegava a 80%. Em 2019, a Transparência Internacional levantou que a percepção positiva sobre a democracia no continente americano está bastante prejudicada, principalmente em países como Nicarágua e Venezuela.