O jogo apenas começou

Coincidência une juiz criminal ao Gabinete de Witzel 

Por: Claudio Magnavita*

A prisão de Fabrício Queiroz é a ponta do iceberg de um movimento de jogo de xadrez que envolve não apenas o senador Flávio Bolsonaro, como também boa parte da Alerj, que se posicionou contra o Governador Wilson Witzel.

Toda esta operação ocorre na esfera estadual, Polícia Civil, Ministério Público e Justiça estaduais. Todos em um guarda-chuva dentro da jurisprudência do governador do Estado.

Foi montado um show midiático desproporcional ao possível dolo apontado nas investigações. O objetivo político é ferir diretamente o presidente Jair Bolsonaro e sua família. O tempo utilizado nos telejornais e nas transmissões ao vivo nas redes nacionais de televisão lembrava as transmissões policiais de grandes criminosos. A operação, urdida há mais de 10 dias, logo após a operação da Polícia Federal no Rio contra o governador e a sua esposa.

Um dos fatos que mais assusta é a coincidência que une o juiz que decretou a ordem de prisão e a ida de Fabrício Queiroz para o presidio de Bangu. O juiz Flavio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio, é pai de Natalia Menescal Braga Itabaiana Nicolau, que trabalha na assessoria do governador, sob o comando do assessor especial Arnaldo Goldemberg, um defensor público tão próximo a Witzel, que esteve com ele em viagem a Nova Iorque, para ver os projetos das prisões verticais. Esta conexão ainda não foi explicada e ganha uma nova dimensão ao juiz assinar a ordem de prisão de Queiroz e sua esposa, dias após a operação da Polícia Federal. Natalia chegou ao Palácio pelas mão de Valter Alencar, um assessor de Witzel exonerado por envolvimento na contratação de funcionários fantasmas.

Se Queiroz for culpado, que responda e pague pelos seus atos. Ele tinha defesa constituída, não foi intimado a comparecer e não era considerado foragido. O que fizeram tem um claro objetivo de ferir o Presidente.

O ponto mais delicado do circo midiático, que incluiu até helicóptero do governo paulista para o translado entre o Campo de Marte e Jacarepaguá, foi envolver a esposa do Fabrício Queiroz. A operação da Polícia Federal também incluiu a esposa do governador, Helena Witzel, considerado o elo mais fraco.

Como foi uma mexida de peças no tabuleiro da política, espera-se o próximo passo, e os deputados estaduais estão em alerta. Conheceram agora um dos instrumentos de pressão e o efeito que poderá ser relacionado ao caso dos dossiês.

*Diretor de Redação do Correio da Manhã