Nem o bispo Manoel Ferreira e nem o pastor Everaldo conseguem segurar o deputado do PSC
Por: Claudio Magnavita*
Um pastor $100 ovelhas
O deputado Otoni de Paula se diz pastor. É na realidade cria ou invenção da Igreja Assembleia de Deus. Para o ser religioso se espera uma postura ética e diferente dos insanos e extremistas, que se aventuram na vida política de forma sanguinária.
As incontinências verbais do deputado até serviram, de forma voluntária, para defender o presidente Bolsonaro em algumas situações. Porém, tudo tem que ter um limite de civilidade.
Otoni de Paula pode usar a fantasia de cão raivoso da forma que queira e se esconder na imunidade parlamentar. Ela existe para outros princípios e não para proteger ataques à honra, à dignidade e à pessoa.
Usar e abusar da impunidade é covardia. O que ele fez esta semana contra o homem Alexandre de Moraes foi lamentável. Só os desonrados agem dessa forma.
O ministro do STF, ao abrir as contas de Otoni de Paula, além de expor a sua relação com prepostos da Assembleia de Deus, pode identificar o parlamentar com as fake news.
É inacreditável que nem o bispo Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus, e nem o pastor Everaldo Pereira, da mesma congregação e presidente do partido que Otoni é filiado, não coloquem freios nos vômitos verbais do seu pupilo. No caso de Everaldo é mais grave. O próprio presidente de honra do PSC, o governador Wilson Witzel, entrou com queixa crime no STF contra o seu colega de legenda Otoni. Não teve poderes para resolver este assunto domesticamente.
Alias, tanto Otoni como Everaldo se irmanam na cruzada de desmoralizar o termo “pastor”, que é religioso e não deveria ser usado como elemento de vantagem política.
Ao renunciar à vice liderança do governo, um efeito colateral dos seus ataques ao STF, Otoni de Paula fica cada vez mais isolado. É lastimável que um representante da bancada do Rio cause tanta vergonha ao parlamento.
*Claudio Magnavita é Diretor de Redação do Correio da Manhã