Gratidão a Paes ou cumplicidade?
Por Cláudio Magnavita*
O CORREIO DA MANHÃ tem cobrado uma posição mais proativa do secretário de Integridade e Gestão da Prefeitura, Marcelo Calero.
Eleito deputado federal após a enorme repercussão do seu embate com o presidente Michel Temer, quando resistiu à pressão de beneficiar o seu colega de ministério, Gedel Vieira, em uma liberação do Iphan, Calero foi o primeiro ministro a gravar uma conversa com um presidente da República e vazar o áudio para a imprensa.
A política adora a traição, mas odeia os traidores. Esse dito popular não se aplica ao então ministro da Cultura. Ele é funcionário de carreira do Itamaraty e, como jovem ministro, estava bravamente resistindo à pressão da quadrilha comandada por Gedel. Saiu bem e foi eleito deputado federal, derrotando o colega de coligação, Otavio Leite por 159 votos.
Calero foi chamado por Eduardo Paes, que lhe deu as suas primeiras missões relevantes: secretário de Cultura e o comando dos 450 anos do Rio. O objetivo era trazer o elã moralizante de Calero para uma administração arranhada por denúncias e acusações.
Deu certo, e a expectativa foi grande. A realidade tem sido dura. A secretaria de Integridade tem sido um fiasco. Não tem dado nenhum pio sobre os grandes problemas da atual gestão: a contratação bilionária da Viva Rio, denunciada pela Globo, a contratação de dirigentes com enormes passivos judiciais, nepotismo, engavetamento dos acordos de leniência das empreiteiras, a postura de dirigentes nas redes sociais, o uso de funcionários da Prefeitura para colocar propaganda eleitoral, entre outras irregularidades. Tem agido apenas no varejinho e voltado à gestão anterior. Se continuar nesse ritmo sairá menor do que entrou e sua gratidão poderá ser vista como cumplicidade.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã